Thursday, August 09, 2007

Surrealismo

"O surrealismo é sobretudo, e antes de tudo, um certo estado de espírito. Um estado de insubmissão, de negatividade, de revolta, que retira sua força positiva erótica e poética das profundezas cristalinas do inconsciente, dos abismos insones do desejo, dos poços mágicos do princípio do prazer, das músicas incandescentes da imaginação. Esta postura do espírito está presente não apenas nas "obras" - que povoam museus e bibliotecas- mas igualmente nos jogos, nos passeios, nas atitudes, nos comportamentos. A deriva é um belo exemplo disso.
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Para compreender melhor o alcance subversivo da deriva, voltemos mais uma vez a Max Weber. A quintessência da civilização ocidental moderna é, segundo ele, a ação-racional-em-finalidade (Zweckrationalität), a racionalidade instrumental. Ela impregna completamente a vida de nossas sociedades e molda cada gesto, cada pensamento, cada comportamento. O movimento dos indivíduos na rua é um bom exemplo: sem ser tão ferozmente regulamentado quanto o das formigas vermelhas, ele não é menos estritamente orientado para objetivos racionalmente determinados. Vai-se sempre "a algum lugar", sempre apressado para acertar um "negócio", dirigindo-se para o trabalho ou para casa: nada de gratuito no movimento browniano das multidões.
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Ora, a experiência da deriva tal como era praticada pelos surrealistas e pelos situacionistas, é um alegre passeio fora das pesadas coações do reino da Razão instrumental. Como observava Guy Debord, as pessoas que se entregam à deriva "renunciam, por um período mais ou menos longo, às razões para se deslocar e agir que elas conhecem geralmente (...) para se deixarem levar pelas solicitações do terreno ou dos encontros que a ele correpondem" (Debord 1956).
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De uma forma lúdica e irreverente, a deriva rompe com os princípios mais sacrossantos da modernidade capitalista, com as leis de ferro do utilitarismo e com as regras onipresentes da Zweckrationalität. Ela pode tornar-se, graças às virtudes mágicas de tal ato de ruptura, um passeio encantado no reino da Liberdade, com o acaso como única bússola.
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Sob certos aspectos, a deriva pode ser considerada herdeira da perambulação do século XIX pois, como observa Walter Benjamin em seu Livre des passages parisiens, "a ociosidade do perambulante é um protesto contra a divisão do trabalho" (1989). Todavia, ao contrário deste último, o "derivante" não é mais prisioneiro do fetichismo da mercadoria, do imperativo consumista - mesmo se lhe acontecer de comprar um achado em uma barraca ou de entrar em um bistrô. Ele não está hipnotizado pelo brilho das vitrines e das prateleiras, mas mantém seu olhar alhures."

Sunday, August 05, 2007

Frase Interessante sobre Comportamento Humano

"...como podemos ser generosos em um momento e mesquinhos em outro, ou adotar modos rudes num jantar se estivermos convencidos de que isso é algo encantador."

Tuesday, March 07, 2006

Peça de Teatro

Sugestões para a Montagem: Não Montar
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Primeira Cena
[Marcação: Menino sentado de trás da mesa, Pequeno Nietzsche entrando pela porta e parando em pé, em diagonal ao Menino]
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As E-vidências começavam com uma empolgação não usual por parte daquele Menino. Empolgação, imaginem só, digirida a mim:
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Menino: Vamos ao teatro no fim de semana Pequeno ?
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Há pessoas que possuem uma vivência diferente da nossa! Por exemplo, não imaginava que a vivência do Menino-em-Questão se prestasse a perder espaço de seu fim de semana comigo. Sempre imaginara, talvez por complexo bobo, que a vivência d´Ele comportava coisas muito mais interessantes do que eu, principalmente de fins de semana, em que o lazer é imperativo, e há a necessidade de nos sentirmos especiais, de irmos a lugares especiais, acompanhados por pessoas especiais. Assim, é possível, segunda-feira, voltar à rotina com a sensação de dever cumprido e ego intacto.
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Porém, no calor do momento, concentrado na vida e em transparecer de forma natural e despreocupada aquilo que no fundo é premeditado, eu não notara tal E-vidência.
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Segunda Cena
[Marcação: Menino sentado na bicicleta encostada na parede, Pequeno Nietzsche na cadeira giratória do computador]
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Menino: Você joga bola?
P. Nietzsche: Não, é uma atividade muito máscula para mim.
Menino: (risada)
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E novamente eu deixava passar desapercebida aquela empolgação um pouco exagerada, outra E-vidência que saía d´Ele mas que eu, ainda muito concentrado na atuação cotidiana, não conseguia ver. Talvez se o Menino soubesse que naquele dia exalava tantas provas de sua condição, optaria por não sair de casa, mas ocorria que, descuidado, fora tentar levar um dia normal e acabara espalhando as pistas de sua fragilidade até então muito bem escondida.
A risada era franca, sem preconceitos, direta. O olhar era caloroso como não costuma ser quando se recebe uma resposta verdadeira.
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Terceira Cena
[Marcação: Pequeno Nietzsche sentado na carteira assistindo à primeira aula, Menino em algum lugar que não ali]
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Ainda desatento com relação ao Menino e muito concentrado em "minha" primeira aula, "meu" desenvolvimento intelectual e "minha" professora, só fui perceber a ausência do Menino vários minutos depois de começada a aula, e quando a percebi, achara curioso o fato de que Ele sempre fora disciplinado e metódico, perder a primeira aula de uma matéria nova provavelmente seria algo imcabível em seus planos para aquela semana cheia de primeiras coisas. Porém, ali comigo Ele não estava e eu finalmente começava a sair do foco e observar as coisas do escuro. O foco vazio e eu observando a platéia do escuro, a luz do spot não me ofuscava mais, algo era diferente no dia d´Ele e eu começava a notar.
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Quando ele chegou no meio da aula, estava mais expansivo e "acelerado" (para usar palavras alheias e confiáveis) do que de costume, e seu jeito já desenvolto naturalmente tornava-se agora um chamariz! Curiosamente não havia carteira sobrando para Ele se sentar, não havia lugar para Ele naquela sala, não havia espaço para Ele naquele dia...
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Lidou com o fato de forma rápida:
Menino: Aaahn, não tem carteira sobrando!
(saiu da sala e voltou com uma)
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Sentou longe de mim, encostado na parede, porém em um local visível.
Olhares trocados de longe e, ao término da aula, olhares trocados de perto. Seus olhos estavam vermelhos. (E-vidência)
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Quarta Cena
[Marcação: Pequeno Nietzsche no corredor movimentado do xerox em busca das próximas leituras, Menino chegando desajeitado na outra ponta do corredor]
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Chegou, encostou-se na parede e disse:
Menino: E aí? Vamos tomar uma breja?
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Outro convite empolgado. Lembrei de meu pai (alcoólatra). E foi devido à experiência anterior com meu pai que pude compreender.
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Quando meus pais se separaram, eu e meu irmão fomos morar com a minha mãe no apartamento e meu pai ficou morando sozinho na casa. Pôde finalmente dar vazão aos seus empreendimentos sem obstáculos de antes (filhos e esposa). O projeto era E-conomizar, é E-vidente!
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Papai poderia agora, quando saísse de casa de carro, sem que ninguém mais reclamasse, abrir o portão eletrônico e não o fechar até ter voltado, deixar a casa escancarada, pois abrir e fechar o portão é mais econômico do que abrir e fechar e abrir e fechar.
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Papai poderia agora desligar a geladeira durante a madrugada, e ligá-la apenas pela manhã. Seis horas a menos de geladeira ligada gastando energia, mais econômico.
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Eu ainda voltara à casa de meu pai para pedir dinheiro várias vezes, ele sempre reclamava de dinheiro. Nunca dava.
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Retomando:
Menino: E aí? Vamos tomar uma breja?
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Meu pai com certeza teria aceito o convite, não conseguiria dizer não a um convite tão caloroso, não conseguiria recusar ao anúncio da diversão.
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Passando pelos lugares coincidentes da cidade-pequena de onde venho, encontrei várias vezes meu pai ao acaso, tomando breja com os amigos, com os colegas, com o meu irmão, com os inimigos. Sempre muito sorridente e falante, conversando com todos, pagando cerveja para todos, pagando a rodada, as rodadas, queria a companhia e tinha, porque havia economizado e agora podia comprá-la. Sentia-se bem, mesmo sendo aqueles afagos, um tipo de carinho prostituído.
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Retomando o que importa mais uma vez:
Menino: E aí? Vamos tomar uma breja?
P. Nietzsche: Hoje não, minha garganta está doendo.
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FIM
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Considerações dramatúrgicas:
Tal história como relatada aqui, só fora dessa forma realizada após terem sido notadas as E-vidências. Antes a história era algo chulo do tipo: o Muleque que foi jogar bola, fumou maconha, perdeu metade da aula e não queria voltar pra casa cedo...

Tuesday, February 28, 2006

Cedendo Espaço...

NICOLAU SEVCENKO
O labirinto da Cidade-Cultura
Está à altura de qualquer um que assim o queira, é claro, portar-se como um cidadão canônico. Afinal, o país é tido como livre e ninguém suporta admitir que, pessoalemnte, talvez não o seja. A prova quintessencial dessa liberdade sendo a possibilidade de escolha, ainda que entre sete opções de analgésicos ou entre dois candidatos numa eleição de voto compulsório.
Experiências dolorosas recentes, de diferentes naturezas, têm porém disseminado atitudes de maior prudência e sentimentos difusos de desconfiança, rejeição e assombro. Mas seria um erro permitir que a atual onde de frustração, decepção e abatimento se traduzisse em cinismo.
A melhor inspiração vem do mito do labirinto. O ardil fundamental de Dédalo, seu construtor, era o de uma rede tão simétrica e intrincada de caminhos, uns absolutamente idêncitos aos outros, de forma que seria impossível distinguir onde estavam as rotas, como se retornava ao ínício como ou como se achava a saída.
Uma vez dentro, você estaria perdido para sempre, entregue á voracidade do minotauro. A solução foi o fio de Ariadne, fino, flexível, leve, quase invisível. Graças a ele Teseu venceu a estrutura, matou o Minotauro e voltou aos braços da amada.
Estratégias Sutis
As grande crises requerem estratégias sutis. Em primeiro lugar a avaliação: qual é a megaestrutura atual? Ela é representada pelo interesses simétricos do mercado e da publicidade, de um lado, e da tecnociência e da tecnoburocracia, do outro. As linhas eletrônicas, que ligam criaturas independentes em redes autônomas, parecem ser o fio da saída. Em parte são; o front eletrônico ferve. Ninguém mais liga para quem não se liga. mas quem está ligado sabe que a tecnologia é mais parte do problema que da solução.
O fato é - o pessoal rápido no teclado já sacou - que não há retorno. O grau de interferência que os sistemas técnicos atingiram em todas as dimensões do mundo natural são de tal magnitude que o ambiente do planeta se transformou numa tecnosfera. A essa altura, só a tecnologia pode nos salvar dos efeitos nefastos da ruína pelo desequilíbrio tecnológico. Ou seja, é preciso reconceptualizar as técnicas.
Ante a iminência do desatre, o que as acabeças espertas estão engendrando é uma ecotecnociência, preocupada em voltar as pesquisas e conhecimentos de ponta para o reequilíbrio natural do planeta, para o incremento da qualidade de vida nas cidades e para a melhor distribuição dos recursos entre as gentes. São inacitáveis discursos que defendam soluções setritamente técnicas para questões de amplo impcato social e ambiental, sejam elas a transposição de rios, a gestão do tráfego nas metrópoles ou a proteção de florestas e mananciais.
Uma Ciência Sensível
Assim como na época da industrialização selvagem um filósofo propôs uma "gaia ciência", hoje as novas gerações pressionam por uma "ciência sensível": socialmente responsável, ecologicamente orientada e crítica tanto de seus limites quanto de seus potenciais ameaçadores.
O outro lado, simétrico, da megaestrutura é sua dimensão espetacular, composta pelo eixo do mel: mercado, publicidade e consumo. Esse efeito vitrine oculta uma diânmica que integra pelo despejo dos indesejáveis enquanto articula uma racionalidade estatístico-visual do sucesso e do estilo.
Seu subproduto é a cidade-cultura, cenário bufo da nova indústria do turismo, sobreposto à tensão social e à degradação urbana. A resposta do povo de Ariadne é o confronto do "tour" pelo "détour", a criação de uma cidade nômade dentro de uma sedentária, furando os muros da exclusão, reatando laçoes esgarçados, deflagrando a cultura-entropia, detonanto o labirinto.

Sunday, February 19, 2006

Masp- Marx

[Andando pela exposição Lina Bo Bardi]

Algo me surpreendeu hoje no Masp, e não foi nenhuma porra de quadro com legenda!! Minha iluminada amiga Carol me disse, comprovando com argumentos empíricos (cartaz-Facciamo Breccia), que a maioria dos revolucionários numa manifestação anti-vaticano na Itália eram mulheres e homossexuais.

Huhauhahahuhhua (risada maligna de quem tem um projeto de poder!)

Bom, anuncio que minha contribuição para com o mundo, a partir de hoje, será canalizar o potencial da classe homossexual acrescentando tal força à Revolução !!!!!! Alguém se candidata a fazer a mesma coisa com as mulheres??

Sobre a dignidade da Arquitetura Civil
[Ainda na mesma exposição, no mesmo museu...]
[Lendo as explicações sobre o vazio na obra de Lina Bo Bardi]

O vão do Masp é fruto da mais profunda inspiração da arquitetura que considera o elemento humano. Respeita os espaços vazios e os cria, porque preesupõe a ocupação humana, é preciso um grande vão para ser ocupado e receber proposições civis. Os espaços vazios de Lina surgem em contraposição ao edifício, o Masp possui dois subsolos e dois andares, no meio está o vão, como se fosse o andar intermediário de um prédio de cinco andares.
A classe homossexual também possui um grande vazio que surge em contraposição a toda sua luta por extraviar, mudar e enfrentar a tarefa de viver à margem. Esse vazio não está sendo ocupado por nada, permanece vazio. Os homossexuais não aproveitam sua incursão na subversão que o próprio fato de ser homossexual já lhes dá. Tal potencial se esvai em artigos de consumo, símbolos de classe, perpetuadores do sistema...

O Pequeno Príncipe x O Pequeno Nietzsche

Pré-requisito para leitura:
_O Pequeno Príncipe. Antoine de Saint-Exupéry
Travar tal empreendimento, estabelecer as diferenças e as convergências entre mim e o dito cujo entre o menino solitário não comportado e o menino solitário curioso. Grandes personalidades.
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No planeta B-612 vemos os pequenos vulcões, tendo pequenas erupções, quebrando a calma e a ordem pequenamente. Um desses vulcões, em sua revolução diminuta, acaba até se tornando conivente, transformando-se nesse maravilhoso utensílio cujos terráqueos designam fogão. Outra coisa que podemos observar nesse pequeno planeta, é a personalidade fresca e difícil da Rosa Vermelha, lânguida ao reclamar dos ventos fortes. Devemos nos perguntar agora, a qual propósito serve a Rosa Vermelha? A uma primeira impressão apressada, a Rosa Vermelha atrapalha o Pequeno Príncipe, sim, ela o chama para solucionar os probleminhas específicos de sua chatice desocupada, porém, em um mundo habitado apenas por dois seres, é imperativo que a Literatura recorra à semiótica, os dois seres devem assumir uma simbologia maior: a Rosa Vermelha serve ao propósito de movimentação insana que a vida presume, embutindo-a de um ritmo frenético e serviçal, ela movimenta o curso histórico submetendo o ritmo do Pequeno Príncipe a ordens e caprichos... (microcosmos da vida)

Enclausurado em sua solidão, o Pequeno Príncipe continua se submetendo às forças externas Vermelhas. E sem muito pensar, acaba pegando gosto pela movimentação, executa os trabalhos de jardinagem (poda e censura), preservando um controle frágil, sufocando a baderna que vem em impulso natural, as ervas daninhas vão crescendo, descompassadas e deslocalizadas. Vai correndo o Pequeno Príncipe em busca da manutenção, circulando pela pequena esfera-planeta. Divide o dia em 24 cubos de horas, mecanizando assim o tempo, contabiliza seu lazer, permitindo-se alguns cubos de pôr-do-sol, dos múltiplos que existem em planetas com paralelos que podem ser medidos em centímetros.

Viajar!! Viaje Pequeno Príncipe!! Pois como explicar-lhe sem ser pela prática plena que a vida não é apenas isso?! E canalizando a solidão para algo que “extravia o ato simples” o Pequeno Príncipe viajou, e foi simplesmente fantástico o momento em que o corpo dele adquiriu a mesma que a do cometa... Voe e volte!! Porque o passado é importante, e a força Vermelha é interplanetária!! A Rosa não pode ficar sozinha por muito tempo... (explosão)

[Escombros pós-explosão – humpf]

Tratar agora de tema tão difícil em meio aos escombros e poeira suspensa, eu mesmo, o Pequeno Nietzsche. Em seu pequenino planeta-apartamento, localizado no reduzido espaço do século XXI, continua enviando e-mails com pequenas frases tentando mudar o curso da história, dizem as pequeninas frases: 1. Transvalore!!! 2. Subverta!!! 3. Corra Lola, Corra!!! (lembre-se que é possível mudar uma grande merda em 5 minutos) 4. Desconstrua!!! 5.Lide com a solidão de forma criativa.

E canalizando a potência destinada à solidão, transforma-se em pura Vontade de Potência! Sai de casa e ganha a rua, demora pra voltar e deixa as plantas da sacada morrerem. Porque plantas são apenas plantas em um mundo armado com florestas. Não existem Rosas Vermelhas cheias de significado para serem o único exemplar em milhares e milhares de planetas... E não precisando regar mais plantas, começa a lidar com a Vida... (explosão)
Obs:
O Pequeno Nietzsche continua e importunar como coisa-viva que é.
O Pequeno Príncipe será esquecido como mero exemplo que é.
_plágios inspirados por Clarice Lispector e Juliana SAS

Saturday, February 11, 2006

Fuck !

O grito da professora de literatura demitida. Donnie qdo pega Charita e diz, com certeza displicente: "Eu prometo q um dia as coisas serão justas pra vc." Música. Atitude de escrever uma carta. Cella Door.

Filmografia
_ Donnie Darko. Richard Kelly

"Resta, ainda, o desejado e proibido "outro" real que vem de fora da ordem social controlada."
[internet]

Monday, January 30, 2006

Explanation for a non-conventional love life !! (as told in 5 chapters)

1. (linguagem poética)
Lembro-me de uma infância rica em imaginações, era livre e isso não é novidade, todo mundo é livre qdo criança... na verdade o q eu deveria dizer de forma menos mascarada aqui é que já olhava para homens desde criança... sim ... assim me soa melhor ... parar de mascarar as palavras de vez em qdo e cessar a busca por um estilo esteticamente aceitável-cult é bom, e rende confissões mais verossímeis!

2. (linguagem nostálgica)
E sendo uma criança bem resolvida, adentrei o crescimento, q sufoca, e vai crianco um esquecimento q te joga pra um limbo na pré adolescência... eu fui simplesmente me esquecendo das certezas inteligentes do pequenino nietzsche... que liderava um grupo desbravador pelas ruas quentes daquela cidade-de-infância, que remodelava os rumos das crianças q deveriam ir pra casa ter seus almoços familiares e convencionais... eu formava aquele grupo e ia em direção às campainhas das casas desconhecidas, por caminhos desconhecidos, correndo no mormaço, risadas de travessuras, brilho nos olhos pela transvaloração... Mas o q importa neste capítulo 2 é o limbo, é essa a informação central.

3. (linguagem técnico-científica)
Descrição de limbo: para melhor entender essa sensação recomenda-se filme homônimo com Elizabete Mastrantonio. Sou cinéfilo.
O limbo é o filme sem final, vc não sabe se o avião q se aproxima da ilha deserta em q vc está preso carrega os inimigos ou os salvadores.
O limbo na pré-adolescência contém duas possibilidades:
. a redenção ao sofrimento (equivalente aos inimigos no avião)
. uma sorte de combinação de fatores q não se pode controlar, q faz com q a conjuntura favoreça a melhoria da sua condição (no meu caso eu comecei a fazer teatro, conheci a minha melhor-amiga que achava lindo ser gay)
obs: com o advento da globalização e o uso da internet vemos cada vez mais casos de pré adolescentes com 13, 14 anos q adiantam a saída do limbo, com certeza a razão disso reside no fato de que a melhoria nos meios de comunicação ajuda na junção necessária dos fatores incontroláveis, provocando uma conjuntura favorável à saída do limbo

4. (linguagem especulativa)
Talvez seja daí q venha minha predileção pelas minorias, pelos pensamentos revolucionários, pelas idéias subversivas e desconstrutivas. A saída do limbo faz com q vc crie um código ético com algumas responsabilidades: mostrar o não convencional ás pessoas, fazê-las enxergar, o importante é que elas pelo menos enxerguem, e aqui não estou mais falando apenas de sexualidade, mas sim de libertação... É fato q a sexualidade influencia em outras esferas, sinto perfeitamente essa correlação com a minha visão política atual. Nunca estive tão corretamente sintonizado com o meu lado subjetivo.

5. (linguagem final)
O porquê de estar sozinho!! Apenas uma sexualidade não convencional não justifica nada, a grande sacada é a de ter levado o espírito de destruidor de paredes às últimas conseqüências!!
Isso se espalhou em minha pessoa, fui jogado pra fora do meu próprio gueto, tenho críticas excessivas e me decepciono muito rápido, me desempolgo num piscar de olhos. O não aceitar das coisas vazias e das relações mecânicas. A não habilidade pra jogar o game de egotrips. E no final, sentir-se sozinho!!!!!!!!
Por outro lado é algo natural, a solidão de estar no pico da montanha como fez Zaratustra torna-se algo inerente e algo q simplesmente deixa de latejar. A solidão torna-se algo óbvio e preciso. O amor está em moldes atrasados em minha pessoa, qdo me apaixono me sinto dúbio, me sinto traindo os meus ideais, me sinto tão banal e ao mesmo tempo tão pesado. Fuga sim. Não se pode ter tudo... E recuperar o espírito maduro de minha infância é um exercício primoroso de solidão (ah!! os exercícios de solidão são fantásticos) esse blog e esses posts são o exercício de solidão por excelência...
Por uma sexualidade não convencional.
Depois.
Por uma vida não convencional.
Em vez de: nascer, crescer, reproduzir e morrer.
Seria: nascer póstumo, subir a montanha, descer, caminhar e conversar, jamais morrer.